Quarta-feira, 30 de Agosto de 2006
o dono do restaurante onde fui hoje almoçar também atende às mesas.
é um senhor magrinho, muito educado, sempre cheio de "sim, se faz favor", "obrigado nós", "o que vão desejar" e afins.
e nos afins ele faz lembrar aquele empregado do Mário Luso, que era muito "delicadinho" e que cantava o fadinho enquanto atendia os clientezinhos.
este senhor não canta o fado. se calhar não o canta por ser o dono do restaurante. adiante!
hoje estive o almoço todo a magicar o que podia fazer para o tirar do sério:
- algum tempo depois de fazer o meu pedido dizer "peço imensa desculpa, mas não me vou permitir comer o frango estufado. será que o senhor pode efectuar a troca do meu desejo para cozido à portuguesa, se me faz esse obséquio?"
- fazer de conta que estava totalmente alheado da situação, algo não muito difícil em mim, e, quando ele fosse a passar, atirar-me para cima dele, tendo ele as mãos carregadas de travessas e pratos vazios.
- o mesmo do ponto anterior mas tendo ele travessas e pratos cheios de salada. depois, claro, iria desfazer-me em "mil perdões", "rais me parta" e "caralhos me fodam".
- chama-lo à minha beira como quem vai pedir um "visky" e perguntar-lhe se por acaso não era ele o proprietário da casa de meninas que fechou há tempos em santarém.
isto tudo só para ver se conseguia que ele perdesse a compostura. duvido. mesmo depois de lhe expulsar os clientes, cagar-lhe o chão e rebentar-lhe com o tasco todo acho que ele ainda me ia dizer:
"tenho todo o prazer em vos receber na minha humilde casa! muitos obrigados e até à próxima."
Terça-feira, 29 de Agosto de 2006
I am gonna live in Sweden
Please don't ask me why
For if I were to give a reason
It would be a lie
Tall and strong and blonde and blue-eyed
Pure and healthy, very wealthy
I'll grow wings and fly to Sweden
When my time is come
há igrejas que parecem campos de toiros.
há campos de toiros que parecem igrejas.
será que isto é um insulto para algum dos dois??
Sábado, 26 de Agosto de 2006
sexta-feira de férias li o inimigo público, para saber o que se estava a passar no mundo.
leio e passo folhas à frente para chegar àquele que muitas vezes é o sumo daquele suplemento: o
toon, de António Jorge Gonçalves. é uma injustiça se grande parte daqueles cartoons não forem impressos em qualquer jornal mundial.
o título do
toon era "super broche" e mostrava uma cerveja com uma boca vermelha e uns olhos desenhados na espuma e no copo dizia "super boçal".
compreendi: a super bock andava a fazer reclames com garrafas de cerveja a imitar um par de pernas, um copo de fino a imitar umas mamas, etc...
são aqueles reclames que nos fazem pensar: "ai, foda-se, a imaginação destes gajos não tem limites?????"
mas houve um que me chateou muito: foi o da cerveja sem os seus rótulos, mas com a marca do rótulo de baixo, em que dizia "topless".
aí, sim, achei que os gajos mereceram o "super boçal"!
eu, nudista, freestylista e badal(h)ista assumido fiquei mesmo revoltado.
acho que os anúncios correctos seriam estes:
uma garrafa e um copo nús, depois de uma época estival passada na seca que são as "praias de vestidos"!
mas depois de umas férias em que passou tanta super bock cool e não cool pela goela abaixo acho melhor não reclamar muito...
Quinta-feira, 24 de Agosto de 2006
I see the bad moon arising.
I see trouble on the way.
I see earthquakes and lightnin.
I see bad times today.
ou como eu costumava cantar com uma alma gémea minha:
I see a good moon arising.
I see happiness on the way.
com um abraço para badmoonrising e para todo o meu pequeno (mas excelente) público alvo!
*dos velhinhos Creedence Clearwater Revival
Segunda-feira, 14 de Agosto de 2006
... a ver se o tempo não muda...
Quinta-feira, 10 de Agosto de 2006
sábado andei de alfa. tinha uma senhora sentada no meu lugar. como me tinham dito que sábado de manhã era tranquilo sentei-me num conjunto de bancos vazios.
na próxima estação entraram carradas de pessoas, tudo a ir de férias. entre elas entrou a pessoa que tinha bilhete para o lugar que estava a ocupar. e eu lá tive que me sentar ao lado da tal senhora.
a meio do caminho a senhora abriu uma tupperware com melancia e perguntou se "o jovem" queria.
aceitei uma. depois aceitei outra. depois tive que pagar a melancia: falar com a senhora até coimbra e ajuda-la a descer os sacos. nada demais, para um bom samaritano como eu.
bláblá, bláblá, bláblá e lá se foi falando.
a senhora tinha 80 anos e era uma bem-disposta. dizia que não tinha pachorra para as pessoas do bairro dela que falavam mal deste porque tinha uma tatuagem e daquele porque tinha um piercing. concordei.
e falou-me de quando era menina, que tinha uma criada só para ela. e que quando foi o seu primeiro dia de escola (era a mais nova de seis irmãos) o seu irmão mais velho insistiu que era ele que lá a ia levar. a criada voltou para casa e chorou, dizendo que a aprtir de agora já não era útil.
"ficou comigo até que eu me casei", disse-me.
e contou-me o seguinte:
"em casa do meu pai comíamos todos ao mesmo tempo, patrões e criados.
um dia um primo do meu pai, que era sargento ou uma qualquer alta patente militar, veio com a mulher passar uns dias lá a casa. na primeira refeição, quando a mulher viu que os criados também iam comer ali disse:
- desculpem mas eu não vou comer com os criados.
o meu pai disse-lhe que ou comia com toda a gente ou que podia ir para a sala, que depois de todos comerem os criados iam lá levar-lhe o almoço.
e assim foi, a pirosa (palavra minha) lá comeu depois de todos os outros, patrões e criados.
no dia seguinte deixou-se de manias e comeu com todos à mesa."
e disse-me que esta estória deve ter mexido com ela, porque anos depois, aquando da descolonização, os seus criados pretos esconderam-na num forno, não deixando que os revoltosos que andavam à procura dos filhos da puta dos brancos que tinham matado e turturado os pretos ao longo de 500 anos, a matassem.
podemos dizer que aprendeu a lição.
não sabia se havia de fazer desta conversa um post.
decidi fazer este post hoje, quando soube que um reles holandês queria que ele e a sua equipa técnica comessem antes dos jogadores do Futebol Clube do Porto.
e estes levantaram-se, certamente pensando que não são empregados de um qualquer filho da puta, mas que tinham um qualquer filho da puta como seu capataz.
já foste tarde, cócó malhoa!!
Quarta-feira, 9 de Agosto de 2006
quando falo do estágio curricular que fiz no ano passado e a conversa vai ter a dinheiros digo que o meu salário foi:
- um "passou-bem", seguido de "obrigado"
- um almoço *.
tenho sido demasiado injusto ao longo destes tempos, pois também me deram um lápis!
* foi engraçado quando "o chefe" me pagou o almoço.
ele estava a pagar o dele e pediu factura. eu disse que se ele quisesse também podia aproveitar a factura do meu almoço, que não precisava da factura para nada.
ele ficou avermelhado e disse que pagava o meu almoço.
Segunda-feira, 7 de Agosto de 2006
a estrada estava invulgarmente tranquila.
estacionei em frente à porta sem qualquer problema.
abri a torneira da casa de banho e saiu um pouco de ferrugem, o que significa que desde sexta ninguém a abria.
a única menina que está no meu local de trabalho disse-me que se ia ausentar por um bocadinho.
por outro lado aposto que as praias estão atoladas de povo.
e eu sei onde preferia estar...
o que me vale é estar a ouvir Ladytron no volume que achar mais adequado!
"saw your visa card and took a trip downtown"
Quinta-feira, 3 de Agosto de 2006
sempre que ouço a "what the hell am I doing drinking in LA?" dos Bran Van 3000 lembro-me de duas coisas:
1. que estou a precisar de apanhar uma tosga tamanha em L.A.
2. uma estória de um gajo que conheci em tempos.
ele contou que um dia apanhou uma carraspana valente e que estava a caminhar pela cidade fora quando encontrou um amigo que não via há anos. depois dos abraços o outro perguntou:
-então, pá, o que andas a fazer aqui por Coimbra?
-aqui em Coimbra?? mas eu estou no Porto!
-não, meu amigo, estás em Coimbra...
claro que quem tinha razão era o sóbrio...